Esse tipo de calçamento era comum na Europa nos tempos antigos e foi introduzido pelos Portugueses no tempo do Brasil Colônia. As pedras vinham de Portugal, em navios e as ruas das cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Paraty, Salvador, Porto Seguro, Santos, etc., receberam esse tipo de pavimentação. Chegavam em navios e eram levadas paras os seus destinos em carros de bois.
As ruas eram caminhos abertos pela caminhada das pessoas e pelas rodas das carroças e carros de bois. O fluxo de cavalos, carroças e carruagens aumentava a cada dia Com o crescimento das vilas, bem como as transformações destas em cidades, surgiu a necessidade da abertura de ruas mais largas que os caminhos existentes. O transporte de mercadorias era prejudicado por atoleiros, buracos e poeira, prejudicando a todos. O calçamento era necessário e os escravos foram largamente usados para abrir ruas e calçar as mesmas.
Os trabalhos de calçamentos eram executados pelos escravos. Eles preparavam a rua na enxada e iam postando pedra por pedra, uma ao lado da outra. O corte das pedras era totalmente rústico, feito a base da picareta, e boa parte, nem eram cortadas sendo colocadas nas ruas na forma que estavam. Os filhos desses escravos, que eram costumeiramente chamados de "moleques" iam em seguida esparramando terra arenosa e acertando as pedras com os pés. Não eram pedras uniformes e nem certinhas, porém o calçamento ficava bom, evitava o barro nos tempos de chuva e poeira na estiagem.
É por isso que esse tipo de calçamento se chama "Pé de moleque" embora muita gente diga que o nome é porque essas pedras lembram muito o famoso doce de amendoim que conhecemos, o pé de moleque. O surgimento desse doce é bem posterior ao surgimento do calçamento. O doce de amendoim, surgiu no século XIX e esse tipo de calçamento existe há séculos, na Europa, inclusive na Roma antiga. O doce em questão passou a ser chamado de "Pé de Moleque" justamente porque lembra esse tipo de calçamento. Outra versão para o nome do doce é que as negras quituteiras vendiam uma iguaria feita de rapadura e amendoim. Quando elas se distraiam, moleques danados passavam correndo e surrupiavam um quitute. Para dizer que não é preciso roubar, as mulheres gritavam: “Pede, moleque, pede!”. Assim foi batizado o nosso pé de moleque.
No final do século XIX, já no fim do Brasil Imperial, as cidades começaram uma era de modernização e urbanização. Os calçamentos em pés de moleques começaram a ser retirados e no lugar, foram colocados paralelepípedos, que são pedras bem trabalhadas, mais certinhas, que evitavam os constantes tropeços que o calçamento em pés de moleques causava e por dar um visual mais bonito às ruas, já que eram lisas e uniformes.
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