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PONTE RIO NITERÓI - A GIGANTE QUE ATRAVESSA A BAÍA DE GUANABARA

Atualizado: 11 de mai. de 2022



A maior ponte do Brasil e uma das maiores do mundo fica no Rio de Janeiro. A ponte Rio-Niterói, que liga as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, foi uma das principais obras realizadas durante a ditadura brasileira. A Ponte Rio-Niterói integra a Rodovia BR-101A e mede 72m de altura em seu ponto mais alto (vão central) e tem 13.290m de comprimento. Tamanho digno de uma obra tão importante para o Rio de Janeiro e para o Brasil Construída entre os anos de 1969 e 1974, em pleno “milagre econômico”, a ponte tem o nome oficial do ditador Artur da Costa e Silva. Foi um dos principais símbolos do “Brasil Grande”, projeto nacionalista do regime. O empreendimento guarda várias marcas da ditadura, como a participação de militares na direção dos trabalhos, o beneficiamento de empresários afinados ao regime, o reforço do modelo rodoviário de transportes e a superexploração do trabalho, com particular negligência em relação à saúde e segurança dos trabalhadores. Antes da obra, o acesso para Niterói e municípios vizinhos só era possível via mar enfrentando filas e a lentidão das balsas que cruzavam a Baía de Guanabara, o que poderia demorar mais de duas horas. ou através de uma viagem terrestre de mais de 100 km, que passava pelo município de Magé. Existia também a ideia de fazer um túnel junto que faria a função da Ponte.


Balsa de travessia Rio Niterói


A ditadura brasileira foi responsável por algumas obras de grande porte, usadas largamente como peças de propaganda. A ponte, construída na antiga capital e em um dos mais famosos cenários do país, tinha uma particular visibilidade e sensibilidade política para a ditadura. Além disso, eram privilegiados os investimentos rodoviários, associados às empresas multinacionais automotivas e às empreiteiras de obras públicas, responsáveis pelas obras das estradas de rodagem, dentre outros serviços de engenharia.

A proposta de uma união física entre as cidades do Rio e de Niterói era antiga, sendo que os primeiros projetos de túneis e pontes unindo os dois lados da baía de Guanabara remontam ao século XIX. A primeira ideia de um projeto que ligasse Rio de Janeiro e Niterói data de 1875, quando Dom Pedro II contratou o engenheiro inglês Hamilton Lindsay-Bucknall. O objetivo inicial do imperador era construir um longo túnel sob a Baía de Guanabara, fruto de seu encanto pelas obras do metrô de Londres. O engenheiro contratado, então, deveria realizar estudos acerca da viabilidade de realizar uma obra de grande porte na região.

Anos depois, a alternativa apresentada foi erguer uma ponte ligando as duas cidades. Contudo, apesar das vantagens incontestáveis do empreendimento, a maior dificuldade seria a própria execução, além dos altos gastos envolvidos. Por isso, o projeto foi protelado, sem ser esquecido. Autoridades e empresários seguiram discutindo sobre a possibilidade de levantar a ponte, chegando a apresentar várias propostas até metade do século XX.

Nesse meio tempo, até uma licitação chegou a ser realizada mas, a construtora vencedora faliu e a obra nem foi iniciada. Cerca de 100 anos depois da ideia inicial de Dom Pedro II, já no governo militar da década de 60, o debate novamente veio à tona. Em 1963, foi criado um grupo de trabalho para estudar o projeto de uma ponte entre as duas cidades. Dois anos depois, uma comissão executiva foi formada para cuidar do projeto definitivo da construção.

O projeto de construção foi, então, idealizado por Mário Andreazza, na época Ministro dos Transportes, e assinado pelo presidente Costa e Silva, em 1968. A apresentação oficial do projeto aconteceu em novembro do mesmo ano, na Escola de Engenharia da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Mas, a ocasião era festiva e merecia uma grande celebração, além da simples apresentação.

Em 1968, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) desenvolveu um projeto de uma ponte unindo as duas cidades, em uma via que contabilizava um total de 13,9 quilômetros, sendo 8,9 km sobre as águas da baía. A obra teve financiamento britânico, com fornecimento de aço especial para a construção do vão central. O projeto foi à concorrência pública e a obra teve início em 1969.




O primeiro consórcio, formado por construtoras brasileiras, começou a realizar a obra, mas encontrou dificuldades diversas, dentre as quais algumas derivadas da falta de estudos mais detalhados sobre as condições de construção e, principalmente, de escavação do fundo da baía de Guanabara para a instalação das fundações como os tubulões. Os recorrentes atrasos no cronograma da obra provocavam irritação no governo e preocupação com potenciais desgastes políticos. Com as dificuldades acumuladas pelo consórcio, ele foi dispensado e o conjunto de empresas que ficou em segundo lugar na licitação foi chamado para gerir a obra, que passaria a ser dirigida por uma empresa pública, a Empresa de Construção e Exploração da Ponte Presidente Costa e Silva, conduzida por um militar, em regime de administração.



Cerca de 10 mil operários trabalharam na construção, além de 200 engenheiros. Era o auge da ditadura e as condições de trabalho eram precárias e sem o atendimento dos itens básicos de segurança. Os acidentes eram frequentes e, só em um deles morreram mais de dez trabalhadores. Oficialmente faleceram 33 funcionários ao longo da construção, mas existem relatos de até 400 mortes, em especial na edificação dos pilares da ponte. Especula-se que muitos operários foram concretados junto aos pilares que sustentam a Ponte. No acidente de 1970, inclusive, houve o rompimento de um “tubulão”, um tipo de fundação profunda de concreto. Não houve tempo suficiente para que os trabalhadores saíssem e foram totalmente encobertos pelo concreto. Nada pôde ser divulgado e publicado devido à censura.



Uma estrutura de aço apoia a de concreto e asfalto da Rio-Niterói. Toda a estrutura que foi utilizada nas obras da Ponte Rio-Niterói foi fabricada na Inglaterra em módulos que chegaram ao Brasil por transporte marítimo. Essa importação foi bastante difícil, devido ao movimento que havia na Baía de Guanabara. Em um teste de carga, feito em 24 de março de 1970, plataforma flutuante não resiste e leva à morte de oito pessoas, entre elas três engenheiros

A maior parte dos trabalhadores era composta por homens jovens, negros e mulatos, muitos dos quais migrantes nordestinos. Os salários variavam conforme o grau de especialização do operário, girando em torno de um a dois salários mínimos entre os operários com menos instrução. Muitos deles trabalhavam em determinados projetos e eram demitidos após a entrega do empreendimento, havendo outros que atuavam em partes específicas da obra. Obra estratégica, teve especial atenção da ditadura, com um sistema de disciplina, vigilância e controle particularmente intenso sobre as ações e trabalho dos operários. Eventuais conflitos, brigas e desavenças eram rapidamente reprimidos pela direção militar do empreendimento. A ponte Rio-Niterói foi inaugurada em março de 1974 mas houve uma inauguração simbólica da obra, no dia nove de novembro de 1968, com a presença da Rainha da Grã-Bretanha, Elizabeth II e de sua alteza real, o Príncipe Filipe, Duque de Edimburgo.



A Rio-Niterói é hoje um importante meio de acesso entre as cidades da região metropolitana do Rio de Janeiro, tendo diariamente o tráfego de milhares de veículos. A ponte foi projetada para receber 50 mil veículos por dia, mas hoje, esse número representa só um terço do movimento normal, tendo mais de 150 mil passageiros por dia. Quando os ventos chegavam a 55 km/h a ponte oscilava mais que o normal. Uma solução para esse problema foi um sistema de atenuantes adotado em 2004, após sugestão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS





http://www.minutoengenharia.com.br/postagens/2021/05/17/ponte-rio-niteroi-conheca-a-historia-e-como-foi-a-construcao/


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