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Foto do escritordanielericco

PALÁCIO DO CATETE



A região que abrange o atual bairro do Catete começou a ser ocupada ainda no século XVI, quando o “Caminho do Catete” ligava o centro político-administrativo da cidade colonial aos engenhos e fortalezas dos subúrbios mais ao sul. No século XIX, abrigava diversas chácaras de nobres, cafeicultores e comerciantes do Império Brasileiro.

Entre 1858 e 1860, o português Antônio Clemente Pinto, Barão de Nova Friburgo, adquiriu as casas de número 159, 161 e 163 do Caminho do Catete e seus respectivos terrenos de fundos, que se estendiam até a Praia do Flamengo, entre a Rua do Príncipe (atual Rua Silveira Martins) e a Rua Ferreira Viana. Fazendeiro e comerciante de café, banqueiro e industrial, o barão chegou a ser o homem mais rico do Brasil durante o Segundo Império.

Em 1858, a demolição da casa número 159 marcou o início da construção do Palácio Nova Friburgo, que seria a residência do barão e de sua família, projetado pelo arquiteto alemão Carl Friedrich Gustav Waehneldt. O jardim foi organizado de acordo com o projeto atribuído ao paisagista francês Auguste François Marie Glaziou.

O Palácio Nova Friburgo também era chamado de “Palácio do Largo do Valdetaro”, pois ocupava terreno antes pertencente ao escrivão português Manoel Valdetaro, em frente ao qual havia um largo com um chafariz público. A construção do palácio terminou oficialmente em 1866, embora as obras de acabamento continuassem por mais uma década. O fato incomum de o casarão ficar junto à rua e não no meio dos seus jardins imensos se deveu a um desejo da baronesa, que cansada do mato da região de Friburgo, queria ficar o mais próximo possível da "civilização".

Porém, o Barão e a Baronesa de Nova Friburgo, Laura Clementina da Silva, não viveram muito tempo na nova casa, pois ele morreu em 1869 e ela, no ano seguinte. Depois disso, o Palácio foi ocupado por um dos filhos do casal, Antônio Clemente Pinto Filho, o Conde de São Clemente. Em 1889, ele vendeu o imóvel para um grupo de investidores da Companhia Grande Hotel Internacional, que planejava transformá-lo num hotel de luxo.

Meses depois, a República foi proclamada. A companhia faliu após a crise especulativa do Encilhamento e seus títulos foram comprados pelo acionista majoritário, o conselheiro Francisco de Paula Mayrink, que se tornou o único proprietário do Palácio. Em 1895, o conselheiro hipotecou o imóvel como garantia de crédito ao então denominado Banco da República do Brasil. No ano seguinte, esta hipoteca foi extinta mediante a venda do imóvel à Fazenda Federal, que o incorporou ao patrimônio da União.

Em 1896, com a crise econômica da época o Governo acabou tomando posse do palácio e o adaptou como sede do Poder Executivo da República, onde o presidente despachava (e alguns residiam). Sendo conhecido como Palácio das Águias, por conta das cinco estátuas plantadas no teto, o que fez o governo? Retirou-as, as substituindo por estátuas femininas, a central representando a própria República. As estátuas de aves retornariam por volta de 1909, permanecendo até hoje. Só que o penacho em suas cabeças desta vez as identificaram como gaviões-reais, espécie brasileira, e não como águias. Detalhe despercebido pela população, já que todo mundo as chama de águias mesmo...



Apesar de ter sido local de trabalho comum a todos os presidentes, poucos usaram o Palácio do Catete como moradia. A maioria preferia residir nos outros imóveis oficiais da Presidência da República na cidade, como o Palácio Guanabara e o Palácio Laranjeiras.





O Palácio do Catete possui três andares: no primeiro, está a área que, durante as primeiras décadas da República, abrigava os setores burocráticos (secretaria, biblioteca, gabinetes, salas de despachos e audiências) e também o salão ministerial, que servia para reuniões do presidente com seus ministros.

O segundo andar é conhecido como “piso nobre”, já que era destinado a recepções e cerimônias. Destacam-se o luxo e a diversidade de temas decorativos que procuravam demonstrar o poder social da burguesia. Ainda no segundo andar, encontram-se a capela, os salões das visitas, dos banquetes e um recinto exclusivamente masculino para fumar e jogar.

O último andar era destinado aos aposentos privados da família do Barão de Nova Friburgo e, mais tarde, das famílias dos presidentes. O quarto presidencial ainda é mantido como se encontrava na noite do suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954. A edificação, ao longo de seis décadas de atividade presidencial presenciou a morte de dois presidentes, Afonso Pena e Getúlio Vargas



Em seu acervo, estão obras de pintores importantes para a história do Brasil, como João Batista Castagneto (1862-1900) e Armando Viana (1897–1991). O Centro de Referência ainda abriga o acervo original da época em que o Palácio do Catete era sede da Presidência da República, o que inclui doações pessoais, como a Coleção Pereira Passos, a Coleção Igreja Positivista do Brasil, a Coleção Getúlio Vargas e a coleção Memória da Constituinte.



Além de ser um museu muito importante, o Palácio do Catete oferece, ainda, uma área externa com jardins aprazíveis e parque com brinquedos infantis. Os bem cuidados jardins do Palácio se estendem do museu até a Praia do Flamengo e vêm da época do barão. Contam que a aleia de palmeiras hoje altíssimas que atravessa os jardins já estava lá quando o barão construiu o palácio. O projeto original foi de Auguste Glaziou, responsável também pela reforma dos parques mais importantes do Rio na época, como o Passeio Público, Campo de Santana e Quinta da Boa Vista, então sede do Palácio Imperial. Uma curiosidade histórica: antigamente os jardins contavam com um cais na praia para uso do presidente. Com a construção do Aterro do Flamengo e o mar sendo afastado muitos metros, o cais desapareceu.

Ao lado do prédio principal, há dois locais de referência para quem gosta de artesanato – o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular e o Museu Edison Carneiro. Neles, é possível conhecer e adquirir peças feitas por artistas de todo o Brasil.


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